Deixar veículo parado é bem diferente de abandoná-lo: saiba o que fazer antes, durante e depois de mantê-lo fora de uso durante a pandemia
Essencial para o ser-humanos, o período de isolamento social provocado pelo coronavírus é potencialmente danoso para o carro, que pode ficar muito tempo parado na garagem.
Quem está utilizando o possante uma ou duas vezes por semana, mesmo que em percursos curtos, como para fazer compras, não está sujeito a grandes prejuízos. Porém, famílias que têm dois ou mais veículos, que ficarão sem uso por períodos mais longos, devem tomar algumas precauções.
Quem explica é o engenheiro Everton Lopes da Silva, Mentor de Tecnologia em Energia da SAE Brasil: “Se o período da quarentena não for maior que 3 semanas e o veículo estiver com a manutenção em dia, não há motivos para o motorista ter preocupação”. Porém, ele destaca que, se o carro permanecer parado por muito mais tempo, diversos problemas podem surgir.
O que fazer antes de deixar o carro parado por muito tempo?
Caso o tempo no qual o carro for mantido parado for superior a 20 dias, o motorista deve tomar algumas medidas preventivas. A primeira providência recomendada pelo engenheiro da SAE é fazer uma limpeza completa no veículo.
“Sujeira no interior, como restos de alimentos, forma um ambiente propício para proliferação de fungos e bactérias. Isso também vale para o sistema de ar condicionado”, pontua. Ele ainda recomenda realizar higienização do sistema de climatização, que envolve a troca do filtro de cabine, quando o veículo voltar a ser utilizado.
De acordo com Silva, uma precaução importante é levantar as hastes dos limpadores do para-brisa. “As palhetas apoiadas contra o para brisa, sob pressão, podem ressecar e deformar, perdendo seu efeito de raspagem”, diz.
Além do prejuízo decorrente da necessidade de substituição antecipada das palhetas, o motorista pode ser surpreendido pela falta de eficiência delas durantes um temporal. Nesse caso, além do risco de acidente, existe a possibilidade de os limpadores danificarem o vidro, aumentando significativamente o prejuízo.
Cuidados com freios e pneus
Uma ação preventiva, mas possível de ser tomada apenas em garagens planas, é não acionar o freio de mão do veículo. Nesses casos, segundo Silva, o motorista pode deixá-lo com uma marcha engrenada e um calço nas rodas, para evitar acidentes.
Esse cuidado decorre da possibilidade de as lonas de freio ficarem coladas aos tambores após muito contato prolongado, decorrente do tempo em que o carro ficou parado. Caso isso ocorra, as rodas permanecerão travadas involuntariamente.
Outra medida simples, prescrita em boletim assinado por Pedro Alves, analista técnico da área de Pesquisa e Desenvolvimento do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária do Brasil), é calibrar os pneus com pressão de 20% a 30% maior que a usual.
Trata-se de uma ação muito importante, capaz de evitar que esses componentes sofram deformações se o carro permanecer parado por períodos de tempo mais longos. “Se os pneus costumam rodar com 30 libras, o recomendável é deixá-los com 35 libras a 40 libras. Dessa forma, vão demorar um pouco mais para murchar”, afirma.
Bateria é o primeiro componente a sentir a ação do tempo
O item que mais sofre com a falta de uso é a bateria. “Os veículos têm fontes consumidoras de energia mesmo estando parados, como sistemas de segurança (alarme), LEDs de alerta e sistemas eletrônicos, que permanecem em stand-by”, diz Silva, da SAE. Em algum tempo, a carga do componente pode acabar. Se isso ocorrer, motorista não conseguir dar a partida no motor.
Caso o carro for ficar realmente muito tempo parado, sem uso algum, os especialistas aconselham a tomar a primeira ação preventiva: desligar o cabo negativo da bateria. “Essa medida ajuda a manter a carga por um tempo maior, pois vai cessar todo consumo dos sistemas eletrônicos”, reitera Silva, da SAE.
Encher o tanque antes de deixar o carro muito tempo parado é medida importante
Cuidados adicionais tornam-se necessários se o tempo em que o veículo ficar parado for realmente muito longo, chegando a três meses ou mais. É que, nesse caso, outros problemas começam a surgir. Um deles é a degradação do combustível no tanque.
Segundo Eduardo Buarque de Alcazar, analista de Marcas e Produtos Sênior da BR Distribuidora, a umidade é grande inimiga de todos os combustíveis. Por isso, ele recomenda completar o tanque antes de deixar o carro parado por muito tempo. “Como os processos de degradação ou de absorção de umidade ocorrem preferencialmente na interface com o ar, quanto mais cheio o tanque, maior é a proporção de combustível protegido desse contato”, sintetiza.
Fonte: Autopapo.